sábado, outubro 29, 2005

Em processo de Construção!

Solidão necessária...

salve!

domingo, outubro 23, 2005

A Matadeira - Cordel Do Fogo Encantado

A matadeira vem chegando
no alto da favela
no balanço da justiça
do seu criador

Salitre, pólvora,
enxofre, chumbo

O banquete da terra
Teatro do Céu
O banquete da terra
Teatro do Céu

Diz aí quem vem lá,
O velho soldado
O que trás no seu peito?
A vida e a morte
E o que trás na cabeça?
A matadeira
E o que veio falar?
Fogo!

Podemos dizer que uma guria está acabando com meus sonhos...
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"Flores e Mariana"

Outro gole! A anestesia da água o completa. Por toda a vida esteve à mercê de outros goles, outras verdades. Atrás de sua face opaca e jovial, carrega o amargo das lembranças de um passado doentio.Enfim, o esboço da euforia: "Chuvas, sons, luzes, sombras, bocas, seios, copos e tragos". A loucura impulsiona a vida!

Já é começo de dia em Torres. O som das ondas e a paisagem o faz afogar-se em lágrimas. Mariana chega e fitando-o profundamente os olhos, derrama gotas da água que escorrem de seu longo e escuro cabelo. A paixão adolescente e a tão tortuosa decepção por não ter tido coragem, agora encontra-se face a face com ele.

Era uma noite qualquer, perdida em meio a tantas outras, em um simples café de Porto Alegre. Eduardo tenta escapar de seus sonhos e alcançar uma possível realidade.
_ Café curto, forte, sem açúcar!
_ Algo mais senhor?
_ Uma pedra de gelo também, por favor.
Mais uma noite de vida na busca por conforto à insônia que o consumia, quase que diariamente, após ter abandonado tudo e todos em sua antiga cidade. Acreditava não ser saudade, nem fraqueza, mas sim a incompatibilidade proporcionada pela tão esperada liberdade, que agora tinha o afastado do mundo, pois não possuía mais direções nem pessoas para que pudesse compartilhar os míseros momentos de seus dias.
A caneta consumia as linhas em branco da folha de papel, e Eduardo sentia o coração na boca, junto ao gosto amargo do café. Logo ao fundo, próximo a porta dos banheiros e a uma antiga caixa de som, que provavelmente há mais um século cuspia Fryderyk Chopin diariamente, um rosto delicado de uma garota de expressão triste e miúda. Olhando bem, ela nem parecia estar alí. Com um ar distante e imparcial, a garota travava os olhos com satisfação sobre as linhas de um pequeno livro, e alternava a leitura com o prazer do sabor de um capuccino.
Ao percebe-la, Eduardo ficou simplesmente paralisado, e fixou a caneta deixando inacabada uma palavra: “felici...”. Continuou alí, fitando-a de longe e tentando descobrir mais sobre aquela garota. Para o rapaz foi surpreendente o amor estabelecido por aquele primeiro contato.

Mariana viveu assim: Sonhando com a vida dos contos de fada que lia quando criança. “O amor impossível, mas verdadeiro”. A longa espera já durava alguns anos, e por muitas vezes já tinha se transformado em uma intensa dor.

Ao todo, nove xícaras de café e quase um maço de cigarros queimados sobre a mesa. A mão involuntariamente só conseguia agora traçar palavras que traduzissem a face da bela menina, que para Eduardo, ainda não tinha nome. Horas passavam, e olhares se cruzaram por muitas vezes...
Na cabeça de Eduardo várias tentativas de uma possível aproximação, porém todas barravam-se em sua falta de confiança, que conseguiu acumular durante toda a vida. Sempre a mesma dúvida: Como devo chegar? O que devo dizer? E se for rejeitado?
A sua frustração interior aumentava a cada segundo e a bravura com que a tinta consumia o papel, por alguns minutos, era impressionante. Não podia falhar. Tinha de ser aquele o momento certo!

Mariana, com toda delicadeza, chama o garçom e continua sua leitura após o retorno do atendente ao caixa.

Eduardo levanta-se e segue em direção a mesa da jovem. Pensa: pode ser minha última oportunidade de poder conhecê-la. Continua a caminhada, com passos firmes e calmos, e percebe que os olhares que anteriormente já eram trocados intensificam-se, cresce então sua expectativa, e também o pior - o medo de perder a coragem. Isso não poderia acontecer.
Continua, passa suavemente pela moça e meio que com um olhar muito tímido diz apenas uma palavra: Olá!
Recebe em troca um belo sorriso.

Afasta-se e segue em direção ao banheiro.
O espelho ri de sua cara.
_ Consegui! Consegui! Ela sorriu para mim!
Pensa alto: Agora é só voltar e dizer tudo o que estou sentindo neste momento, ou melhor, será que devo começar perguntando o seu nome?
Liga a torneira, que jorra uma água fria e feroz. Sente forte sua pulsação. Abaixa a cabeça junto a pia e molha o rosto buscando um alívio ao êxtase estabelecido. Antes de sair do banheiro e voltar ao salão do café, olha-se novamente no espelho e sorri sentindo toda a felicidade de uma vida em apenas um segundo.

O garçom retorna a mesa da garota. Ela fecha o livro após ler a última palavra. Suspira e prepara-se para sair. Caminha suave até a porta sentindo por dentro toda a intensidade da história que acabou de ler, transforma-se em Nástenka e vive “Noites Brancas” nos passos que a faz ganhar a avenida. Assim, a noite engole Mariana.

Abrisse a porta do banheiro e sai de lá o homem mais feliz do mundo. Olha violentamente para todos os lados e tristemente confirma: Acabo de perder o grande amor da minha vida! Passa pela mesa em que a garota deixara e encontra um guardanapo de papel dobrado ao meio, nele sete letras formando uma palavra: “Mariana”. Caminha de volta a sua mesa, toma seu último café acompanhado de mais alguns tragos e observa, quase que estático, a palavra rabiscada sobre o pedaço de papel. Chora!
Ganha as ruas e anda pela fria cidade sentindo o maravilhoso ar produzido pelo asfalto molhado, escuta, lá no fundo, dentro de sua cabeça sons que parecem se perder em meio ao concreto: Mariana!
A fantasia do irrealizável se estabelece. E guarda dentro de si o sabor e a força deste tão utópico nome. Mais alguns passos e pára por um instante, pensa: poderia ao menos ter lhe oferecido uma flor.

"Chuvas, sons, luzes, sombras, bocas, seios, copos e tragos". A loucura impulsiona a vida!
Já é começo de dia em Torres. O som das ondas e a paisagem o faz afogar-se em lágrimas. Mariana chega e fitando-o profundamente os olhos, derrama gotas da água que escorrem de seu longo e escuro cabelo. A paixão adolescente e a tão tortuosa decepção por não ter tido coragem, agora encontra-se face a face com ele.

De volta ao ponto inicial. Ao sentir novamente aqueles olhos, Eduardo deixa vir à mente toda fantasia que aquela noite no café promoveu a sua vida. E escuta, quase não acreditando, as palavras que dançam suavemente da boca de Mariana:
_ Guardo-te em meus sonhos desde o nosso primeiro encontro. Ansiosa em sentir novamente a profundidade de seu olhar. Aquela noite, sem nem entender direito, transformou a minha vida.
Mariana sorri, como só ela sabia fazer.
Eduardo, meio que encantado, oferece-lhe então uma flor. É correspondido e guarda pelo resto de seus dias o fabuloso cheiro promovido por aquele momento.
Outro gole! A água agora desce com o seu verdadeiro sabor: o êxtase da felicidade.
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...ou me mostrando que estes devaneios serão sempre pesadelos!

sábado, outubro 22, 2005

!oicínI

Páginas e mais páginas de caderno rabiscadas agora transcritas em bytes...

Começa agora, pela décima nona vez, uma tentativa de diário virtual.

Espero conseguir manter uma certa periodicidade neste lugar, afinal, escrever ao contrário pode ser muito mais fácil!