sábado, janeiro 05, 2008

Seu coração embalado com um fita vermelha dentro de uma pequena caixa azul

O mundo estava ali, do outro lado da janela. Ela sabia disso e insistia, de tempo em tempo, fitar o infinito. Tão distante e tão perto. Como os olhos podiam ser tão cruéis com o coração? Era uma espécie de desejo involuntário. Sabe... Daqueles totalmente sem querer, que sem nem perceber estamos mergulhados nele. Eu não sei, mas ela via e tinha certeza que seria eterno. Uma leve brisa soprava calma e deixava o corpo quase flutuar sobre a lua.

Quantas vezes no meio da noite, os sonhos pareciam querer dizer alguma coisa. Quando se é criança, nossa inocência constrói um herói imaginário para nossos medos e, assim, a força, a mesma que nos leva ao choque com a realidade adulta, nos preenche de saudade. Eram tão eternos os momentos de brincadeiras no quintal, a expectativa para a hora do recreio na escola e até mesmo, extremamente doce e único, o cheiro gostoso de um colinho da mamãe.

Ah, o dia em que me apaixonei pela primeira vez. Lembro-me, era agosto, início de mais uma primavera.

Lembra-se?

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