Era eu João, pedindo ajuda!
Logo ao acordar, pensei: “Tenho de ser outra pessoa. Preciso mudar minha vida de qualquer maneira”. E assim, fui para a rua. O vento frio, o cheiro forte do asfalto ainda molhado, as luzes vibrantes que perdiam a vida com os primeiros raios de sol. Mais uma manhã na cidade. Mais um dia no calendário. Em poucas horas, o fim. Do dia, dos sonhos, das dores, das incertezas e talvez da vida. Podia ser ali, naquele cruzamento. Ou até mesmo, sobre aquele viaduto. Tudo era sugestivo. Tudo era festa. Tudo era vazio.
A cada passo, uma dúvida acumulada. O peso já era insuportável.
O mundo ria, tudo fluía.
Sozinho, sem amores, amigos, família, ninguém.
O mundo explode!
Tudo flui, interage.
Na cabeça, saudade, falta de coragem e planos,
que com certeza nunca serão concluídos.
Ah, eles sim...
Estão por todas as partes,
Planos e mais planos...
E assim,
A noite passa, o dia chega.
A vida passa, o corpo some.
E eu fazendo a mesma pergunta idiota de sempre:
O que é a felicidade?
Reconheço: A culpa é minha!
A sensação de ser ignorado por todos,
A sensação de ser incapaz,
A sensação de ser inadaptável.
A culpa por não conseguir interagir com o mundo.
Dói!
Destrói!
Mata!
Eu não quero! Mas, ao mesmo tempo, quero!
Eu não preciso! Mas, ao mesmo tempo, sinto falta!
São dezoito metros,
O nunca aparece,
A vida corre,
Os sonhos vagam,
A luz apaga,
O desespero consome.
Intenso, doloroso... Mas, enfim, leve.
No fundo, apenas um grito de desespero:
Era eu João, pedindo ajuda!
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